Carlos Paschoal, coordenador e tutor no Colégio Catamarã, explica como os simulados podem ajudar na preparação para o Enem e outros vestibulares
Uma das formas mais eficazes de se preparar para o Enem e outros vestibulares é fazendo simulados, que ajudam a identificar quais assuntos você domina e quais precisa melhorar. No episódio 96 do Primeira Jornada, o podcast da ESPM que te prepara para o mercado de trabalho, Carlos Paschoal, coordenador e tutor no Colégio Catamarã, explicou como essa prática contribui na preparação dos estudantes e quais são seus principais benefícios.
Quais são as vantagens dos simulados?
De acordo com Carlos, uma das principais vantagens dos simulados é que eles oferecem a oportunidade do estudante se familiarizar com as provas dos vestibulares, que possuem um formato próprio: geralmente têm uma longa duração e são compostas por questões de diversas áreas, o que não costuma acontecer nas avaliações que são aplicadas nas instituições de ensino.
“Não é como fazer uma prova na escola, onde o professor diz exatamente o que vai cair, você estuda e tem um modelo de questões. Então, talvez, a primeira vantagem que eu pensaria seria se familiarizar com um exame que não foi feito para uma turma específica do terceiro ano. Ela foi feita, no caso do Enem, para o Brasil todo”.
Outro aspecto positivo a ser destacado é a gestão do tempo. Ao fazer simulados, o estudante desenvolve uma percepção mais aguçada sobre os tipos de questões que podem aparecer nas provas e entende melhor a dinâmica delas. Esse conhecimento será muito útil para criar estratégias que ajudem o candidato a otimizar o tempo de resolução das perguntas.
Esse tipo de preparação pré-vestibular também permite que o estudante possa identificar, com certa antecedência, quais são os seus pontos fortes e fracos antes de, efetivamente, realizar a prova oficial. Até lá, o candidato pode revisar os temas em que sente mais dificuldade. “Eu posso saber o que eu errei antes do jogo estar valendo. Isso vai me trazer muitas respostas sobre qual é o ponto de estudo em que eu estou”.
Além dos benefícios técnicos, construir esse cenário de familiaridade é uma forma de se preparar emocionalmente para o desafio que está por vir. “Estamos falando de um modelo de entrada para a universidade que depende muito de um exame, e não necessariamente de um currículo. O vestibular também é uma prova de resistência, tanto mental quanto física. São cinco horas sentado em uma cadeira, e isso não é tão fácil quanto a gente imagina quando nunca fez isso”.
“Todos nós já passamos por um momento em que não estamos bem emocionalmente para fazer um determinado trabalho e deixamos isso um pouco de lado. Só que a data de um grande vestibular não pode ser deixada para depois. Você tem que ter um preparo prévio para criar uma resiliência. Não para ficar cinco horas em uma cadeira, mas para ficar cinco horas em uma cadeira trabalhando em alta performance”, completa o profissional.
Com qual frequência o candidato deve fazer simulados?
Quando se fala em simulados, uma dúvida comum entre os estudantes é: com que frequência fazer? “Vou falar pela minha experiência. Eu tenho alunos que querem participar de vestibulares de alta concorrência. Quem está no terceiro ano, com provas regulares e uma rotina intensa de estudos, já tem bastante demanda. Para esse perfil, considero que fazer um simulado a cada trimestre seria, no mínimo, o ideal. Mas também acompanho alunos que adotam uma frequência mensal”.
Caso a escola não ofereça simulados, o estudante tem a opção de procurar testes gratuitos de outras instituições ou utilizar exames de vestibulares anteriores. “Se você pegou uma prova antiga e está trabalhando nela como um simulado, faça um registro e anote o que errou. Atualmente, temos IA, YouTube, muito conteúdo disponível. Estude esses materiais, faça exercícios, se dedique um pouco. Guarde esse teste em um arquivo e, três meses depois, refaça. Siga esse processo algumas vezes e você vai perceber seus acertos crescendo”.
O importante é não desanimar com a quantidade de erros que possa ter no caminho. “Eu peço para o aluno se preocupar não com o número de acertos, mas, sim, com o que ele errou. Porque, a cada conteúdo que erra, consegue especificar: se não sabia mesmo, se esqueceu, se errou por bobeira ou se foi alguma falha de interpretação. E isso é muito legal, porque, muitas vezes, o aluno não tem vontade de estudar. Mas, como é um hábito que não foi bem construído, ele não sabe no que precisa se aprofundar”.
Os simulados são realmente efetivos?
Alguns estudantes podem evitar os simulados por diversas razões: veem como algo trabalhoso, como perda de tempo ou têm medo de ir mal e se sentir ainda mais inseguros. Porém, mesmo que não tenham tido um bom desempenho, uma dica importante é não desistir nas primeiras tentativas.
“Eu vi alunos se dedicarem muito e, a verdade, é que nem sempre quem se esforçou conseguiu o que queria em um primeiro momento. Mas nunca presenciei alguém comprometido se arrepender. Mesmo quando o resultado não vem, por algum motivo, muitos pensam: ‘Tudo bem, eu estou preparado. Um ano de cursinho e eu garanto que vou conseguir’. E conseguem mesmo. O aluno que trabalhou muito construiu resiliência e coragem para encarar aquele resultado”.
O profissional ressalta que o contrário também acontece. Há estudantes com grande potencial, que até demonstram facilidade em alguns conteúdos, mas não se preparam, não se testam e acabam não utilizando os recursos disponíveis durante a preparação.
“Eu creio que a dedicação geralmente vai te dar frutos, quando é bem feita. E, se ele não trouxer algo específico, vai te deixar preparado para continuar. Todo estudante vai mal em algum momento. A diferença é que alguns encaram isso como uma oportunidade de melhora, enquanto outros precisam se cuidar para não deixar isso afetar tanto. Conversem com suas famílias, com os professores, peçam apoio”, finaliza Paschoal.