Coordenador da Pós-Graduação Certificate em Criatividade, Experiências & Comunidades da ESPM esclarece os principais mitos sobre criatividade
Muita gente associa criatividade a pessoas meio aéreas, que estão com um pé no chão e outro na lua, mas essa é uma visão um tanto reduzida sobre o tema. “Albert Einstein, mesmo sendo físico, era muito criativo. Afinal, é preciso criatividade para elaborar uma fórmula de física, matemática ou química”, afirma Thiago Gringon, coordenador da Pós-Graduação Certificate em Criatividade, Experiências & Comunidades da ESPM. O processo criativo, portanto, não é exclusividade de alguns.
Segundo Gringon, a criatividade se manifesta a partir da visão de mundo de um indivíduo e da sua relação de abertura e receptividade para o que for descoberto ou constatado. Essa visão ampla e aparentemente descompromissada, que não julga a partir de pontos de vista pré-concebidos, abre um campo de possibilidades para a criatividade e as novas ideias.
Embora haja uma mistificação em torno do tema, que muitas vezes bate na tecla de que criatividade é “coisa do pessoal da área de Humanas”, existem mitos e verdades que precisam ser desmascarados ou reiterados. Confira:
Criatividade é para poucos
Mito: Todas as pessoas nascem com potencial criador e nele reside a criatividade. A expressão da criatividade está relacionada com o ambiente em que o indivíduo vive, porque é a partir dele que se constrói uma visão de mundo e se usam os recursos disponíveis para criar.
É preciso estar por dentro de tudo
Mito: Ter uma bagagem de conhecimento repleta de conteúdos não significa possuir a melhor munição para ser criativo. Isso pode influenciar na capacidade de uma pessoa estar aberta para a possibilidade de ter um insight importante, porque o excesso de informação distancia o indivíduo de si próprio. Segundo Gringon, em vez de focar em produzir é mais importante dar vazão a uma visão holística da vida e do todo.
Razão não combina com emoção
Mito: O processo criativo envolve todo o cérebro, ou seja, trabalha com os hemisférios da razão (esquerdo) e da criatividade (direito). A criação necessita de emoção, porque o indivíduo precisa entender suas emoções para criar e causar impacto emocional nas pessoas.
Só os artistas são criativos
Mito: Eis um grande mito, já que a criatividade é fundamental em áreas mais técnicas, como o desenvolvimento de games, programas de computadores e até mesmo para elaborar planilhas no Excel. Gringon cita como exemplo Steve Jobs, fundador da Apple. Ele era apaixonado por caligrafia e foi um dos pioneiros na criação do variado menu de letras que vem em processadores de texto.
Para criar você tem que estar bem
Mito: A criatividade nem sempre nasce de um ambiente favorável e confortável. Sentimentos negativos como tristeza, medo, angústia e insegurança podem servir de impulso para uma nova ideia. O importante, destaca o especialista, é “ter uma intenção, dar ouvidos à curiosidade e seguir a intuição para criar coisas interessantes”.
As coisas não vêm do nada
Mito: É no vazio que existe um todo possível e nesse todo existem possibilidades de criação. Portanto, embora as coisas não sejam criadas do nada, elas surgem do vazio. Para enxergar o vazio é preciso pensar fora da caixa, desapegar de conceitos e dar espaço para o surgimento do novo.
O ócio é criativo
Verdade: O conceito do ócio criativo concebido pelo sociólogo italiano Domenico De Masi é a mais pura verdade. Não fazer nada é fundamental para o ser humano. Além de relaxar o indivíduo, o distanciamento dos apelos externos e o não fazer nada abrem espaço para insights que podem se transformar em projetos.
Insights ajudam a criar
Verdade: No livro Grande Magia, a escritora Elizabeth Gilbert convida o leitor a exercitar a serendipidade. Gringon explica que uma pessoa conectada com o seu repertório, com a sua autenticidade e com o que acontece perto dela e no mundo consegue perceber algo. Isso acontece quando o indivíduo não está centrado no problema e ideias surgem do inconsciente e chegam ao campo da consciência. Portanto, as ideias emergem nos ambientes externos e internos com os quais a pessoa está conectada.