Adriana Gomes, coordenadora nacional da área de Carreira e Mercado da ESPM, explica como lidar com essa pressão causada pelas expectativas familiares
Em algum momento da vida, a sua família quis que você escolhesse a carreira que ela desejava? Se já passou por isso, sabe como essa situação é delicada. Lidar com esse dilema pode, inclusive, afetar suas relações familiares. No episódio 92 do Primeira Jornada, podcast da ESPM que te prepara para o mercado de trabalho, Adriana Gomes, coordenadora nacional da área de Carreira e Mercado da ESPM, explicou o que fazer para ter realização profissional na carreira que almeja.
O lado dos pais
Segundo Adriana, existem muitos fatores que podem levar os pais a escolherem, eles mesmos, uma carreira para os filhos. Um dos principais motivos que impulsionam esse comportamento é a preocupação com a estabilidade financeira, uma vez que há muita expectativa em torno de todo o investimento que foi feito na vida acadêmica do estudante.
“O que eu mais vejo, ao longo dos meus 30 anos de carreira, é que existe uma preocupação muito grande dos pais no sentido de que esse filho consiga ter independência financeira e autonomia, que consiga ter sucesso. E o sucesso é entendido muito mais como independência financeira”, ressaltou a especialista.
O que também pode influenciar os pais a tomarem esse tipo de atitude é o fato de que eles próprios já quiseram seguir uma determinada carreira e, por diversas razões, não puderam. Por isso, acabam projetando seus desejos nos filhos, para que possam alcançar, de algum modo, uma realização pessoal por meio deles.
“Há pais, por exemplo, que desejavam ser médicos ou advogados e não tiveram essa possibilidade. Então, desde muito cedo, começam a criar uma teia de informações para o filho, dizendo o quanto seria importante para eles. E os filhos acabam sendo pressionados emocionalmente a fazerem uma escolha que não decepcione os pais”.
O lado dos filhos
Para enfrentar esse desafio, é necessário que o estudante tenha coragem de escolher a carreira que realmente faz sentido para si, optando pela profissão que o leve a construir uma trajetória autêntica e significativa; e sendo responsável pelas consequências dessa decisão.
“É o que eu sempre digo: quem vive na sua pele é você mesmo. Então, é importante que a escolha tenha mais aderência ao que faz sentido para o próprio indivíduo”, afirmou a professora.
Para identificar o que mais combina com você, é essencial trabalhar o autoconhecimento, que é a sua bússola interna. Embora esse processo de conhecer a si mesmo dure a vida inteira, ele nos dá a capacidade de compreender nossos próprios pensamentos, comportamentos e emoções, permitindo que sejamos coerentes com o nosso sistema de crenças e valores.
“Outra questão é refletir sobre as suas habilidades e seus pontos fortes. Eu nem falo de paixão, porque às vezes as pessoas confundem ou não conseguem identificar uma paixão que esteja relacionada a uma atividade profissional. Mas é fundamental pesquisar e refletir sobre essas habilidades, como quais são as atividades e áreas onde tem maior destaque naturalmente”.
Pesquisar sobre as diferentes carreiras é fundamental, pois existe uma gama de atividades profissionais que muitas vezes nem os pais têm conhecimento. Depois disso, o próximo passo é ter uma conversa honesta com a sua família. Essa é a melhor forma de desconstruir paradigmas e se firmar como protagonista da sua história, mostrando que a sua escolha é individual e intransferível.
“Eu sei que o adolescente, às vezes, é um pouco refratário aos diálogos com a família. Mas, acho que não tem como fugir desse enfrentamento, que não é uma briga, mas o ato de explicar por que aquilo faz sentido, de tentar argumentar com base nas pesquisas que fez e nas conversas que teve com outras pessoas”, finalizou Adriana.
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