Saiba como a inteligência artificial está transformando o mercado de trabalho e veja dicas para avaliar opções de carreira neste cenário
A inteligência artificial (IA) está causando impactos profundos no mercado de trabalho. Uma projeção feita pelo Linkedin em 2025 indica que 70% das habilidades usadas na maioria dos empregos mudarão até 2030. E a principal causa disso? A inteligência artificial.
No episódio 108 do Primeira Jornada, podcast da ESPM que te ajuda a escolher uma carreira e refletir sobre o seu futuro profissional, Ligia Oliveira, Professora na ESPM e Head de Employer Branding da Companhia de Talentos, fala sobre essas transformações e como pensar na sua carreira em meio a elas.
Como a IA afeta a escolha de carreira?
As transformações causadas pela inteligência artificial irão impactar todas as gerações que estão no mercado de trabalho atualmente. Segundo Oliveira, essa transição deve ser mais natural para o público mais jovem, que já nasceu imerso no universo digital com as novas ferramentas.
“A profundidade das transformações da IA está exigindo uma nova leitura do que é ser relevante no mundo do trabalho”, explicou a especialista. “No passado, a gente podia projetar uma carreira com base em trilhas mais lineares, fazendo planos de cinco, dez anos. Hoje, a IA assume novas tarefas que são mais repetitivas, operacionais, analíticas e até mesmo algumas criativas.”
A professora apontou que essas mudanças têm acontecido em alta velocidade e o desafio é identificar o que a IA ainda não consegue replicar. “O valor do trabalho humano está migrando para onde a máquina não chega, pelo menos não com tanta profundidade ou velocidade”, disse ela.
Isso quer dizer que, além de ter uma função, as pessoas precisam desenvolver uma mentalidade de adaptação contínua, um repertório de habilidades híbridas e ajustar a expectativa de estabilidade que era mais presente em gerações passadas. No lugar dela, encontramos a necessidade de agilidade e reinvenção constantes.
Desafios do mercado dominado pela IA
O maior desafio, de acordo com a especialista, é a capacidade do jovem decodificar a velocidade das transformações e se posicionar de forma estratégica e não reativa. “Não é sobre escolher uma profissão que a IA não vai tocar, mas sobre escolher uma área onde a IA vai ser uma ferramenta que potencializa, não que substitui. O elemento humano é essencial.”
A ideia é pensar na construção de carreiras que sejam à prova de futuros, com mais resiliência e agilidade de aprendizado. Ela sugeriu que os jovens devem ir além do que querem ser: “O jovem precisa focar muito mais em como ele quer impactar e o que quer aprender de forma mais contínua e constante”.
Como escolher uma carreira na era da IA?
Oliveira deu três dicas importantes para o processo de escolha:
- Aprofunde-se: na profissão, nos diferentes segmentos, nas indústrias, nos problemas — o que te motiva e o que você se sente motivado a resolver? “A ideia é pesquisar como a IA está transformando as áreas de interesse e não só eliminando os empregos”, afirmou Oliveira.
- Desenvolva um portfólio de habilidades transitáveis: a dica é pensar em habilidades que podem ser aplicadas em funções e setores diferentes. Isso inclui a alfabetização em dados e inteligência artificial: “Entender como interagir, extrair valor dessas tecnologias, e ter o pensamento crítico aprimorado, a tomada de decisão baseada em dados humanizados e a capacidade de colaborar com as máquinas e pessoas de diferentes setores e gerações”.
- Priorize os ambientes de aprendizagem contínua: para a especialista, é importante avaliar as marcas e empresas além dos benefícios, salário e cargo que oferecem. A cultura de inovação, a abertura para experimentar e errar e a valorização do desenvolvimento de novas habilidades são diferenciais a serem considerados. “Um ambiente que incentiva a curiosidade, o aprendizado, a troca entre essas diferentes gerações, é um porto seguro nesta era de IA, porque essa troca é extremamente rica”, concluiu Oliveira.