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ESG regenerativo: por um futuro mais inclusivo e transparente

Confira o manifesto sobre ESG elaborado pela 2ª turma do curso Fill the Gap, que tem como objetivo capacitar altas lideranças e impulsionar carreiras de grupos sub-representados

 

A 2ª turma do Fill the Gap, curso da ESPM em parceria com a AlmapBBDO, Artplan e Droga5 voltado exclusivamente para pessoas negras, indígenas, com deficiência, trans e não binárias, elaborou um manifesto convidando a sociedade civil, governos, empresas, academias, agências e outros atores sociais para repensar a agenda ESG sob uma ótica regenerativa.

 

O manifesto foi elaborado no módulo Cultura, Governança e ESG, conduzido pela professora Scarlett Rodrigues da Cunha. Veja abaixo o que a Turma Fill the Gap 2025 tem a dizer:

 

ESG regenerativo na comunicação

 

Vivemos em uma sociedade extremamente desigual, com desafios históricos e com severas disputas de narrativas e poder. Nesse sentido, como uma forma de alcançar mudanças significativas e impactos positivos, a agenda ESG (Environmental, social and governance) surge se conectando com outros compromissos nacionais e globais, trazendo diretrizes e ferramentas para alcançarmos uma sociedade justa, respeitosa, sustentável e inclusiva, considerando a importância do desenvolvimento econômico e a responsabilidade social junto.

 

Uma instituição comprometida com a agenda ESG possui em sua governança princípios e valores que são inegociáveis, priorizando a vida, ao invés do lucro e principalmente, analisando seus impactos (positivos e negativos) na sociedade e como essa sociedade está refletida em seus negócios e atuação. Entretanto, é importante garantir a legitimidade, a transparência e a integridade das ações para não recair em abordagens superficiais e que nada dialogam ou resolvem os conflitos existentes na sociedade e para isso, a área de comunicação e marketing é parte estratégica para conduzir a forma como as ações são desenvolvidas, prezando pela transparência, consciência e responsabilidade.

 

Somada a isso, a agenda ESG traz em sua abordagem a importância de nutrir relacionamentos e tecer conexões que estejam alinhadas aos propósitos, porque essa não é uma pauta que se realiza de forma isolada. Pensando nisso, o conceito de “ESG regenerativo” toma forma e aponta para um ESG que é construído sob a perspectiva relacional, seja com as pessoas, parceiros e parcerias de negócio, trabalhadores e trabalhadoras, comunidades e seus território, mas principalmente, com a natureza e todo seu ecossistema. Dentro desse conceito, é fundamental falar de futuros regenerativos, que é falar de ancestralidade e práticas que antecedem até mesmo os conceitos entendidos hoje como o próprio ESG e esse manifesto se coloca enquanto instrumento de reafirmação dessa narrativa, além de propor caminhos e compromissos para pensar e comunicar ESG com responsabilidade, dando voz e consistência às ações elaboradas dentro da agenda ESG.

 

Visão de futuro

ESG é uma agenda pensada para projetar futuros. E de que “futuros” estamos falando e quais pessoas fazem parte deles? E sim, futuros no plural, porque o futuro não é linear. Como parte da estratégia de implementação e comunicação da agenda ESG, entende-se a importância de apontar para esses futuros e determinar que sociedade gostaríamos de vivenciar e quais as responsabilidades e caminhos para chegarmos nesse cenário. É pensar na sustentabilidade das ações, no mais profundo significado desse conceito, considerando a sustentação dos compromissos, intencionalidade e construir um futuro do qual as próximas gerações conseguirão viver de forma segura, respeitosa e digna.

 

Considerando a importância estratégica de comunicar as ações, compromissos e impactos, entende-se que esse manifesto para um “ESG regenerativo” é uma forma de materializar esse desejo e a responsabilidade de quem atua nesse ramo, de construir essa jornada em prol de uma sociedade mais justa, sendo porta-vozes dessa mudança.

 

Princípios

Acreditamos que os princípios que devem nos nortear são:

 

  • Pensar e agir coletivamente: não promover concorrência entre colaboradores e colaboradoras e resgatar o senso de colaboração;

 

  • Representatividade e equidade: fortalecer lideranças negras como agentes de transformação e reafirmando suas presenças nas estratégias e tomadas de decisões;

 

  • Inclusão com intencionalidade e responsabilidade: promover uma comunicação corporativa mais assertiva, transparente, democrática, acessível e ampla, que considere os diferentes contextos, interseccionalidades e transversalidades;

 

  • Posicionamento: se posicionar com ações concretas de combate às desigualdades e no enfrentamento do racismo e outras formas de violência existentes no Brasil que impedem a ascensão de profissionais negros e negras no mercado de trabalho;

 

  • Inovação com ancestralidade: pensar em inovação e ferramentas digitais atreladas aos saberes ancestrais, tradicionais e coletivos (tecnologias sociais);

 

  • Transparência e accountability: desenvolver e/ou fortalecer mecanismos de acompanhamento das ações (monitoramento) e prestação de contas;

 

  • Fortalecer o capital social diverso: atuar ativamente na construção e fortalecimento de redes de contato (capital social) diversas e inclusivas, buscando parcerias estratégicas com outras lideranças, organizações e comunidades que compartilham do propósito de um ESG regenerativo para uma “combinatividade” de diferentes perspectivas;

 

  • Uso regenerativo dos recursos: regenerar o ecossistema por meio dos recursos (relacionamento com o ecossistema) e promover o desenvolvimento socioeconômico (e não apenas econômico);

 

  • Promoção e garantias de direitos: assegurar condições dignas e justas de trabalho e salários, promover a diversidade, equidade e inclusão, possibilitar acesso à saúde, bem-estar, segurança, proteção da vida, do cuidado e outros;

 

  • Princípios ESG: reforçar os princípios e práticas dispostas na agenda ESG:
    • Ambiental: conformidade legal, proteção do meio ambiente, uso responsável de recursos e mitigação de impactos;
    • Social: respeito aos direitos humanos, condições dignas de trabalho, diversidade, inclusão e segurança;
    • Governança: ética, transparência, combate à corrupção e responsabilidade corporativa.

 

Compromissos

Como lideranças dentro da agenda ESG, nos comprometemos a:

 

  • Transformar diretrizes em ações: garantir que as diretrizes deste manifesto, pautadas nos princípios ESG, se traduzam em ações concretas e mensuráveis no dia a dia do mercado de comunicação e do marketing;

 

  • Projetar e investir em “futuros” no plural: garantir que as estratégias ESG considerem e incluam as perspectivas de todas as pessoas, especialmente as que foram historicamente marginalizadas, reivindicando histórias e territórios negros e negras;

 

  • Estimular a consciência e o pensamento crítico: promover reflexões e discussões importantes sobre a realidade brasileira e do mundo, através de narrativas coerentes, com fontes seguras e confiáveis, permitindo ampliar conhecimento e informação;

 

  • Investir em diversidades de forma real: criar uma estrutura que vai além da contratação, mas que acolhe, respeita, promove desenvolvimento, dignidade, justiça e segurança. Contratar equipes diversas, que transparecem a pluralidade brasileira em seus aspectos diversos (sociais, raciais, religiosos, regionais, entre outros). Promover diversidade, inclusão e equidade em todos os níveis da organização, bem como diversidade, equidade e inclusão com responsabilidade e respeito;

 

  • Promover um ambiente saudável e ético: criar ambientes que permitam a liberdade individual e coletiva, respeitando a saúde física, mental e espiritual dos colaboradores e colaboradoras. Ter pessoas felizes fazendo suas atividades de forma justa, ética e saudável;

 

  • Promover inovação regenerativa: buscar soluções inovadoras e tecnológicas, que aliam produtividade e responsabilidade socioambiental;

 

  • Atuar de forma colaborativa: reforçar compromissos públicos, alianças e movimentos, envolvendo as partes interessadas e diferentes atores sociais para alcançarmos resultados ainda maiores na sociedade;

 

  • Praticar, explicar e comprovar: elaborar ações práticas, concretizando as intenções e compromissos estabelecidos (agir com intenção e coerência). Dar visibilidade às iniciativas desenvolvidas, compartilhando os desafios, as oportunidades e os aprendizados;

 

  • Impactar: gerar impactos significativos na sociedade, estabelecendo metas claras, objetivas e mensuráveis de diversidade, equidade e sustentabilidade.

 

Proposto pela Turma Fill the Gap 2025

Coordenação: Rejane Romano

Professora orientadora: Scarlett Rodrigues da Cunha

Estudantes: Gabi Hilário, Simone Bispo, Laila Sena, Nathalia Marques, Milena Cruz, Lucas Castelhano, Raquel Lima, Carol Miranda, Rodrigo Bispo, Peter de Albuquerque, Karina Souza, Gessica Justino, Janaina Assumpção, Renan Damascena, Thais Barreto, Kelly Neres, Débora Gomes, Bia Lopes Maria, João Costa, Heitor Perpétuo, Cléo Almeida, Diego Saoli, Tawane Silva, Gabi Moura, Natã Franco, Gisele Mariano, José Mota, Denise Pereira, Alan Martins, Ivna Pires, Yuri Alcântara, Rafael Stefano, Val Machado, Layla Moura, Silvana Regina Inácio, Thaís Borges, Mayara MarleyMarianne Gaspary.

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Foto de Fill The Gap
Fill The Gap
O Fill the Gap é programa de formação de lideranças executivas 100% gratuito voltado para talentos de grupos sub-representados no mercado de comunicação. Idealizado pelas agências AlmapBBDO, Artplan (Grupo Dreamers) e Droga5, em parceria com a ESPM, a iniciativa nasceu para impulsionar o acesso de talentos negros, indígenas, trans, não-binários e pessoas com deficiência em posições de liderança executiva da publicidade global. O processo seletivo foi conduzido pela consultoria EmpregueAfro.
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