Paula Gonçalves Sauer, professora de Finanças Pessoais da ESPM, explica como podemos guardar dinheiro e adotar outras estratégias para ter uma boa educação financeira
Você sabe como guardar dinheiro? Embora pareça um desafio, com o conhecimento certo é possível transformar pequenos hábitos em grandes conquistas. No episódio 93 do #Primeira Jornada, podcast da ESPM que te prepara para o mercado de trabalho, Paula Sauer, professora de Finanças Pessoais da ESPM, ensina algumas estratégias e práticas para organizar suas finanças. Além disso dá dicas de como investir com segurança e conta como atingir a independência financeira.
Como guardar dinheiro?
Segundo a professora, para começar a guardar dinheiro é necessário ter um propósito. “Não adianta eu começar a juntar dinheiro e sem saber para que, porque um dia eu vou estar cansado, irritado, magoado e vou gastar o que estava juntando. Então, é necessário que esse dinheiro tenha nome, motivo e propósito, como, por exemplo, festa de formatura, show do Coldplay ou festa de final de ano”.
Além de ter uma razão para poupar dinheiro, a professora destaca que é importante estipular preço e prazo para usá-lo. “Necessitamos também do preço e prazo desse projeto, se não, podemos nos cansar no meio do caminho. Para guardar dinheiro com responsabilidade, é necessário ter propósito, prazo e preço. É importante transformar aquele sonho em um objetivo concluído, tentando resistir as tentações do dia a dia”.
“Assim como uma criança se motiva ao ver moedas enchendo um cofrinho de vidro, adultos também se sentem estimulados quando percebem o progresso financeiro. Ter uma reserva de emergência acessível e dar um propósito ao dinheiro guardado — como uma viagem, um presente para os pais ou um sonho pessoal —, aumenta a motivação para poupar. A chave está em criar o hábito de guardar dinheiro, viver com menos do que se ganha e entender o funcionamento dos investimentos. Com disciplina, a recompensa vem, e o esforço passa a fazer sentido”, conclui Sauer.
Como posso resistir às tentações?
“Existem algumas táticas que nos ajudam a se organizar melhor. Em seu primeiro passo, a pessoa precisa acompanhar o seu extrato, assim, consegue saber o que entra, o que sai, para onde está indo o seu dinheiro, com o que está gastando e como pode reduzir os custos. Nesse momento em que olhamos a fatura, também é a hora em que podemos fazer uma ‘faxina’ nos nossos custos”, afirma Paula.
Como o débito automático pode ajudar a guardar dinheiro?
“O débito automático serve para quitar automaticamente contas recorrentes, como as de água, luz, telefone e internet. Por um lado, ele garante que você não vai atrasar o pagamento das contas, mas, no entanto, é preciso ter cuidado. O débito automático pode continuar pagando por serviços que você já deseja cancelar e, por estar no ‘piloto automático’, você acaba esquecendo de revisar esses gastos. Quando percebe, já gastou dinheiro com coisas que não fazem mais sentido para você”.
“Normalmente, pagamos todas as despesas e, se sobrar algum valor, investimos o restante. Porém, essa pode não ser a melhor abordagem. O ideal é, assim que o dinheiro cair na conta, já destinar automaticamente uma parte para o investimento, como se fosse uma despesa fixa. Programar uma aplicação automática (por exemplo, 10%) em um investimento de resgate rápido, ajuda a evitar gastos impulsivos. Se precisar, o dinheiro está acessível. Se não, você economiza sem esforço ou necessidade de disciplina”, finaliza a professora.
Quais ferramentas e aplicativos podem nos ajudar?
Segundo a professora, existem diversas ferramentas disponíveis para ajudar no controle financeiro. “Sites como os da CVM, Banco Central (com a área de Cidadania Financeira) e B3 oferecem planilhas e materiais educativos gratuitos. Além disso, bancos e fintechs já fornecem, em seus sistemas (principalmente na versão para computador), recursos que mostram a concentração dos gastos, categorizando despesas como educação, lazer e alimentação.”
“Existem também aplicativos pagos que conectam diretamente à conta bancária e fazem esse controle automaticamente. No entanto, usar planilhas baixadas ou criadas por conta própria só é eficaz se forem alimentadas constantemente, ou seja, é preciso registrar todos os gastos manualmente. Independentemente da ferramenta — seja digital ou em papel —, o mais importante é ter uma ‘fotografia financeira’, que é onde você visualiza quanto ganha, quanto gasta e onde esse dinheiro está sendo utilizado todo mês. O controle financeiro precisa se adaptar ao seu perfil, mas precisa ser feito”, comenta Paula.
Qual investimento é melhor para começar a guardar dinheiro?
De acordo com Sauer, as pessoas tendem a buscar recompensas imediatas, o que pode atrapalhar tanto hábitos saudáveis quanto decisões financeiras. Por isso, ao começar a investir, é essencial focar em opções seguras e previsíveis, como a renda fixa atrelada à inflação ou à Selic, que ajudam a ganhar confiança ao ver o dinheiro crescer, mesmo que lentamente.