Especialista da ESPM explica o que é a governança de dados, sua importância e relação com a LGPD, a Lei Geral de Proteção de Dados
Com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), zelar pelos dados dos consumidores tornou-se uma obrigação para as empresas. Em vigor desde 2021, a lei estabeleceu um sistema de regras do que as companhias podem ou não fazer com as informações dos clientes.
No episódio 110 do Lifelong Cast, podcast da ESPM voltado ao futuro do trabalho e dos negócios, Jorge Surian, Professor da Graduação e Pós-Graduação na área de Data Analytics da ESPM, fala do cenário atual da LGPD e aponta quais são os principais desafios da governança de dados. Confira abaixo:
O que é a governança de dados?
De acordo com Surian, a governança de dados não existe por si só. “Ela é, na verdade, uma junção de segurança da informação, inteligência de negócios, arquitetura de dados, direito e legislação”, disse ele.
Com a vigência da LGPD, surgem novas ideias e diretrizes: não só os dados podem vazar como essas exposições podem gerar multas para as empresas. No caso de informações estratégicas, o vazamento pode trazer consequências ainda mais graves do que a multa. Isso porque há o risco de a estratégia de uma organização chegar às mãos de concorrentes.
Além de impedir que dados da empresa vazem para o mundo externo, a governança de dados também pode servir para administrar conflitos internos. “Imagine que a mesma informação estratégica esteja disponível para duas concorrentes: uma que vende serviços e outra que vende produtos”, exemplificou Surian. “Será que vale a pena a área de serviços ter acesso aos dados da área de produtos?”
Para o especialista, a resposta é não, a fim de evitar uma competição entre áreas. “Do contrário, você gera um problema que simplesmente a governança poderia evitar, dizendo: ‘olha, o proprietário de tal dado é fulano; o do outro é ciclano’.”
Qual é a relação entre a LGPD e a governança de dados?
O professor explicou que a governança de dados se estrutura com base em alguns parâmetros da LGPD. Um deles é a anonimização: “Eu posso fazer análises de qualquer coisa, para qualquer lugar, de qualquer empresa, desde que eu não consiga identificar a pessoa.”
Ele acrescentou que a anonimização pode ser feita com ajustes simples: “Posso trocar algumas informações e impedir a identificação exclusiva de alguém. Daí por diante, consigo trabalhar com esses dados do jeito que for necessário.”
No caso dos dados de empresa, não há a necessidade da anonimização. “Se alguma informação da minha companhia vaza, não há nenhum problema”, pontuou. “Mas, provavelmente, o meu concorrente vai ter acesso a elas, tomar meu mercado e eu vou falir.” Portanto, talvez não seja uma boa ideia deixar esses dados escaparem.
Tendências da governança de dados
Durante o episódio, Surian também destacou que o uso da inteligência artificial é uma das principais tendências para a área de governança de dados. “Você tem todas as grandes organizações pensando cada vez mais em usar a IA para minimizar riscos, aumentar a produtividade e construir modelos”, ressaltou, trazendo a IBM e a Microsoft como exemplos.
Ele esclareceu que não se deve pensar que a inteligência artificial eliminará a necessidade de futuros profissionais. “Vamos precisar de pessoas que entendam de IA. O profissional não precisará entender apenas de dados, segurança da informação e legislação, como também de IA.” Essa visão reforça que a governança de dados integra tecnologia e capacitação humana.
Para saber mais sobre os desafios e as tendências da governança de dados e sua relação com a LGPD, assista ao episódio na íntegra: