Entenda por que adiamos tarefas e descubra estratégias práticas para vencer esse hábito
A procrastinação é um hábito comum no cotidiano de muitas pessoas: sabe aquele costume de adiar as tarefas com frequência? É culpa da procrastinação — mas esta pode ser controlada.
No episódio 98 do Lifelong Cast, podcast da ESPM voltado ao futuro do trabalho e dos negócios, Maria Augusta Orofino, Professora de cursos sobre Gestão do Tempo na ESPM, explicou as causas e consequências da procrastinação e compartilhou dicas para evitá-la.
O que é procrastinação?
Segundo Orofino, o hábito tem dois lados. O lado negativo é o mais conhecido: adiar tarefas por medo, insegurança ou falta de domínio sobre um determinado assunto.
No entanto, há também o lado positivo, conhecido como “ócio criativo”, um processo que a professora considera necessário: “Eu preciso equilibrar, parar, pensar, refletir, para que venham os grandes insights”.
As causas mais comuns
Diversos fatores podem levar uma pessoa a procrastinar. Um dos principais é a falta de clareza ou conhecimento, o que gera um bloqueio diante de um desafio grande ou de algo que não se domina.
Outro gatilho comum é a falta de propósito, ou seja, a dificuldade em executar tarefas não-prazerosas, chatas, para as quais você não está motivado ou preparado. “Eu não tenho ânimo, estou fazendo uma atividade só porque eu tenho que pagar um boleto”, exemplificou.
O oposto também acontece: o excesso de confiança, ou achar que resolveria uma atividade com facilidade, pode fazer com que ela seja deixada para a última hora, correndo o risco de entrar no efeito “bola de neve” e se tornar um algo muito maior.
Quando a procrastinação se torna um problema?
O hábito de adiar pode ser problemático quando a falta de planejamento e atenção aos prazos começa a gerar consequências negativas. “E aí entra angústia, o medo, o burnout, entra a falta de dormir”, listou a professora.
Isso ocorre quando a procrastinação afeta não só o indivíduo, mas também o cronograma de outras pessoas, seja na vida pessoal ou profissional.
Para Orofino, em muitos casos, isso pode ser um traço de temperamento, que deve ser tratado se necessário. “A pessoa vive perigosamente. Tem gente que gosta de esporte radical, tem outros que gostam de levar no seu limite”, afirmou.
“Agora, quando isso começa a afetar o convívio profissional de trabalho e traz angústia, eu recomendo terapia.”
Ócio criativo
A procrastinação pode ser positiva e intencional, tornando-se ferramenta valiosa em processos criativos, como preparar uma palestra, criar uma campanha ou idealizar um projeto, por exemplo.
É o ato de se afastar temporariamente da tarefa para depois voltar e entendê-la com outros olhos. “Você precisa parar, respirar, refletir, ter momentos de meditação individual e entender que você está sim abrindo espaço para o novo. O novo não vem na pressão”, explicou Orofino.
O perigo é quando esse ócio deixa de ser controlado e a procrastinação passa a dominar o indivíduo, que perde o controle do tempo.
Dicas práticas para evitar a procrastinação negativa
Para quem luta contra o lado negativo do adiamento, a professora deu algumas sugestões de abordagens práticas:
- Autoconhecimento: entender os próprios limites e identificar onde a procrastinação atrapalha, já que não existe um método universal que sirva para todos;
- Priorização: trabalhar com listas de prioridades, focando no que precisa ser entregue primeiro;
- “Autoengano” estratégico: criar mecanismos para “se enganar”, como estipular prazos-limite pessoais que sejam anteriores ao prazo real;
- Encarar a preguiça: Orofino sugere uma: “Quais são os benefícios se eu entregar isso? Quais são os pontos negativos de não entregar?”;
- Descobrir o horário produtivo: entender seu processo, se você funciona melhor à noite ou de dia e use esse período a seu favor;
- Celebrar as conquistas: ao finalizar uma tarefa, celebre, registre a experiência positiva. “Conseguiu terminar aquilo ali com louvor? Celebre. Nem que seja com um bom copo de suco ou vinho, pule, grite, vá na janela e [diga] ‘eu sou maravilhoso’ e tá feito”, indicou.
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