A 1ª edição do evento trouxe jornalistas renomados para compartilhar experiências e vivências na cobertura da NBA
Por Mariana Mastro e Silva, Vitor Vasconcelos e Felipe Troise*
Na última segunda-feira (17), foi realizado o 1º ESPM Media Camp – Jornalismo em Quadra. Após o “Workshop sobre Jornalismo Esportivo”, ocorreu o painel “Cobertura da NBA”, que contou com a presença dos jornalistas Felipe Andreoli (TV Record), Samy Vaisman (NBA Brasil), José Renato Ambrósio (TV Globo), Alana Ambrosio (Prime Video) e Ricardo Bugarelli (Prime Video).
O encontro começou com os jornalistas apresentando suas trajetórias profissionais e o caminho que os levou ao jornalismo esportivo.
Felipe Andreoli abriu o painel compartilhando como iniciou sua carreira na TV Record aos 19 anos e os caminhos que percorreu até chegar ao jornalismo esportivo. Ele ressaltou que sua conexão com o basquete vai além do trabalho: envolve cultura, música, negócios e jogos, elementos que estão presentes no dia a dia e ajudam a construir uma relação mais profunda com o esporte.
Em seguida, Samy Vaisman contou que trabalha com jornalismo esportivo há 30 anos e atua na assessoria da NBA (National Basketball Association) há 18. Ele contou que, inicialmente, não pensou em cursar jornalismo, mas sempre foi apaixonado por esportes, e essa paixão acabou guiando sua trajetória. Durante o painel, compartilhou: “Felizmente, a gente tá aqui pra falar de uma paixão que todo mundo que é NBA tem, que fez com que eu possa dizer hoje que eu tenho quatro amigos sentados aqui do meu lado”.
Em seguida, José Renato, jornalista há 20 anos, contou que começou na TV Gazeta, passou pela ESPN e hoje integra a equipe da Globo Esporte TV (GE TV). Ele iniciou como repórter na cobertura de jogos de basquete e destacou que, ao permanecer nesse universo, passou a enxergar o valor de trabalhar no esporte, conhecer as pessoas, perceber os valores e a generosidade, aspectos que tenta traduzir nas histórias que conta. Para o jornalista, compreender o esporte envolve observar diferentes perfis, narrativas e formas de análise, reconhecendo também seu papel como negócio e ferramenta de transformação.
Alana Ambrosio, comentarista de NBA, também relembrou sua trajetória. Formada em Jornalismo há mais de uma década, trabalhou na Record News antes de migrar para o basquete, caminho que começou por influência de Ricardo Bugarelli, que sempre a incentivava a olhar para o esporte. Ele a convidou para participar de uma transmissão, experiência que a fez perceber que queria atuar nessa área. Durante o painel, ela comentou: “O Buga me abriu muitas portas. Hoje a gente é companheiro de equipe e divide essa paixão pela NBA”.
Por fim, Bugarelli, jornalista e comentarista de longa data, contou que chegou ao jornalismo esportivo quase por acaso: sonhava em ser veterinário, mas sempre foi apaixonado por esportes. Iniciou sua carreira na Band, ganhou notoriedade na ESPN e, atualmente, é comentarista no Prime Video e na Cazé TV.
Depois das apresentações, o público — formado principalmente por estudantes de Graduação da ESPM e alunos do ensino médio de outras instituições — pôde fazer perguntas aos convidados. As respostas renderam conversas ricas, histórias pessoais e muitas risadas.
Confira algumas delas:
O que fazemos quando professores, familiares e colegas nos desincentivam a seguir na carreira jornalística?
José Renato ressaltou que toda profissão tem seus papéis fundamentais e que o jornalismo segue crescendo com novas plataformas, redes sociais e tecnologias que ampliam o campo de atuação.
Já Alana trouxe uma perspectiva mais pessoal: reconheceu que o jornalismo não está entre as carreiras mais bem pagas, mas ressaltou que poucas profissões oferecem tanto contato com histórias, experiências e pessoas. Para ela, isso também é uma forma de remuneração, e uma das mais valiosas. E lançou uma pergunta reflexiva: “E se as redes sociais acabassem hoje?” Para ela, o jornalista não depende de um formato específico; depende da capacidade de contar histórias. E essa habilidade é construída aos poucos, com experiências que abrem portas.
Na sequência, Bugarelli compartilhou um conselho de seu pai: “Se você ama o que faz, isso é o mais importante”, reforçando que dedicação e esforço são importantes no desenvolvimento da carreira. Samy completou dizendo que “oportunidades aparecerão, e você deve agarrá-las”.
Andreoli afirmou que “o jornalista deve ser um oceano profundo, mas de média profundidade”. Ou seja, alguém que sabe um pouco de tudo, desenvolve soft skills, conversa com pessoas e amplia constantemente seu networking. Ele também contou que nunca buscou felicidade no dinheiro, mas em outros pilares da vida, como seu casamento, filhos e família.
Qual é a diferença entre a audiência do basquete e do futebol no Brasil?
Bugarelli foi direto na resposta: “No Brasil, gostamos de vários esportes, mas o futebol ainda manda”.
Alana concordou e comentou que temos o histórico de “país do futebol”, mas destacou que espera ver mais investimentos no basquete, já que o público brasileiro sabe o que é o esporte e se interessa por ele. Para ela, é importante continuar batalhando por mais espaço e visibilidade.
José Renato completou dizendo que a audiência do futebol ainda é muito maior, e que esse cenário, provavelmente, é irreversível.
Já foi mais fácil consumir basquete antes dessa geração repleta de redes sociais?
Andreoli disse que, antes, com menos distrações, realmente era mais fácil acompanhar a liga. Hoje, com as redes sociais disputando atenção o tempo todo, isso se torna mais difícil.
Bugarelli trouxe o contraponto: o acesso à informação nunca foi tão simples quanto agora. Mas salientou que vivemos em uma geração imediatista, o que dificulta acompanhar toda a temporada regular da NBA. Para ele, essa falta de consistência no dia a dia é um dos principais desafios. Além disso, reforçou a importância de verificar a veracidade das informações e buscar sempre fontes confiáveis.
*Mariana Mastro e Silva, Vitor Vasconcelos e Felipe Troise, estudantes do ensino médio e vestibulandos da ESPM, foram selecionados pelo Coordenador da Graduação em Jornalismo da ESPM-SP, Guilherme Costa, durante atividade realizada no “Workshop sobre jornalismo esportivo”. Eles receberam o convite para escrever sobre o que aconteceu no painel “Cobertura da NBA”.