Aprenda a organizar seus processos e entenda por que o descanso é parte fundamental da produtividade
Você já teve a sensação de que as 24 horas de um dia já não são mais suficientes para todas as suas atividades? Em um cenário de hiperconectividade e autocobrança elevadas, gestão de tempo tornou-se algo mais complicado, mas também uma habilidade essencial para qualquer profissional.
No episódio 85 do Lifelong Cast, podcast da ESPM voltado ao futuro do trabalho e dos negócios, Maria Augusta Orofino, Professora de cursos sobre Gestão do Tempo na ESPM, explica que o problema pode não ser o tempo, mas sim os seus processos e a organização deles.
Por que estamos sempre “sem tempo”?
Para a professora, a sensação de falta de tempo está diretamente ligada ao excesso de informação. Vivemos sempre conectados, recebendo um volume de dados imagens muito maior do que conseguimos processar.
O problema, segundo ela, não é a informação em si, mas a nossa dificuldade em lidar com essa quantidade de informação, processá-la e transformá-la em conhecimento. É um processo exaustivo.
Gestão de processos
De acordo com Orofino, o primeiro passo é o autoconhecimento e, antes de gerenciar o relógio, é preciso entender os próprios processos. “Se o seu tempo está curto, retome os seus processos e reavalie”, aconselhou ela.
A professora explicou que o tempo não é linear, mas “quântico”, e o divide em três conceitos gregos:
- Cronos: o tempo cronológico, do relógio;
- Cairos: o tempo substantivo, de qualidade, como aquele em que nos perdemos em uma boa conversa;
- Eon: o tempo espiritual.
Para se ter uma gestão efetiva do tempo, é preciso ter equilíbrio, entendendo que o foco não deve estar apenas no Cronos: “Se a pessoa não gosta de processos, não gosta de rotina, o seu tempo nunca vai dar’”.
Dicas práticas para organizar seus processos
- Crie um inventário
Não confie na memória, tentar guardar uma lista de tarefas mentalmente apenas causa estresse e tira o seu sono. A solução é criar uma lista única que englobe tanto a sua vida pessoal quanto profissional. “Liste tudo, desde levar o pet no veterinário até elaborar aquele grande projeto”, disse Orofino. Em seguida, defina o grau de prioridade de cada item.
- Tenha um “ponto de apoio”
Essa lista (seja em um caderno, Trello, Planner ou Google Agenda) deve funcionar como um “radar” ou “ponto de apoio”. É uma referência para onde você volta após uma distração ou interrupção, e garante que nada importante se perca no caminho.
- Encontre o seu método
Existem diversas metodologias, como o GTD (Getting Things Done) ou a Técnica Pomodoro (distribuição do tempo em ciclos de 30 minutos, com 25 minutos para trabalho e 5 minutos para descanso), e ferramentas, como Trello, ClickUp e Jira (baseadas no método Kanban).
Orofino ressaltou que a “técnica certa” varia de pessoa para pessoa e que até mesmo a procrastinação, quando usada para atividades criativas, pode ser uma etapa necessária do processo: “Qual é o melhor [método]? Descubra qual é aquele que se adapta a você”.
O mito da alta performance
A especialistas criticou a mentalidade de “alta performance” e comparou a cobrança por produtividade constante a de atletas olímpicos, que atingem picos em momentos específicos, não o tempo todo.
“Não existe alta performance no nosso dia a dia. Não dá… Se eu botar minha máquina de lavar para funcionar 24 horas [por dia], ela vai pifar. E por que nós temos que estar sempre em estado de alerta?”, questionou.
Segundo ela, o objetivo não deve ser a “alta performance”, mas a capacidade estar presente e preparado para quando for executar o trabalho. Para isso, o tempo livre é fundamental, seja para o lazer, para o amor, para o descanso ou para a construção de repertório.
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